A imposição para mudar quem é quieto

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A imposição para mudar quem é quieto
A vida toda ou mais precisamente na última semana, estive em 2 momentos muito desgastantes e que refletiam na imposição em querer me mudar por eu ser uma pessoa quietaEu fui valorizada pelo meu jeito de ser apenas uma vez na vida.

É uma situação tão chata. Tenho profundo ódio disso e é como se não pudéssemos controlar mais.
Colocam algo como se essa fosse a regra, é como respirar, você não pode simplesmente querer viver e parar de respirar. e assim tornaram que quem é quieto não pode ser assim ou se assim o for não terá as boas oportunidades dos demais.
Acredito que existam empregos e profissões justamente para profissionais que não são quietos (e afinal quem não é quieto é o que?), pois bem, tirando se eu desejar um desafio ou mudança de 360º eu não vou escolher isso.

É simplesmente coerente, qualquer humano do planeta consegue entender isso.

Se tiver oportunidade, ai optar pelo que é mais confortável para você e/ou tenha aptidão (ou que apareça e pague suas contas).

O problema é o seguinte, os responsáveis em promover não valorizam quem é quieto. Existe uma cultura que surgiu não sei de que idiota, onde quem é quieto não e capaz e/ou competente etc.
No meu trabalho o que mais escuto é... "você precisa aparecer mais".

Gente o "aparecer" que preciso é bater meu ponto (aparecendo todo dia para trabalhar). Não entendo como em um escritório, um analista que tenha trabalhos repetitivos (por assim dizer), tenha como necessidade máxima "aparecer!?".

E se eu quisesse aparecer eu garanto que não estaria lá...estaria fazendo vídeos na internet, fazendo curso para atriz ou para ser subcelebridade. Eu não estou em um maldito Big Brother para aparecer!

Por que valorizam tanto nas empresas o jogo social?

Afinal o argumento "todos precisam me conhecer" é justamente esse. Se as pessoas certas me conhecerem ai sim elas darão um jeito de olhar para meu trabalho....e com isso poderei enfim ser promovida!

Absurdo! Na maioria dos casos nem o trabalho bem feito precisa ser realizado ou ter conhecimento... isso é podre!

Se você é um gestor, sua obrigação é conhecer seus funcionários. Não tenho que ir na sua festinha, tomar o chopp ou voar pelos setores em vez de trabalhar para garantir que "me conheçam".

Quer dizer, não deveria ser assim, mas o mundo gira dessa forma e sou obrigada a ouvir que eu que tenho que mudar, pois eu sou quieta
Se todos são assim, eu tenho que segui-los. Mas para mim a maioria é estúpida.

Claro, se estou incomodada com o trabalho é só eu pedir demissão e ser mais uma na fila do desemprego ou recebendo o auxílio. Mas, se pelo menos tivesse a certeza que em outro lugar não será assim também, né?

Mas o pior que é. Existe essa dominação. É como se não pudêssemos fugir.
Lembram que comentei sobre o único lugar que fui valorizada pelo meu jeito? Foi na crisma, pois é, parece que ser uma pessoa quieta é algo bom só para a religião. Falaram que eu lembrava o silêncio de Maria.

Isso é bom? Sim, sempre me emociono com isso e me senti lisonjeada. Mas não quero viver de religião, não vou me retirar e viver de modo recluso, não sou também muito de oração e religião propriamente dita.

E, com isso, observamos outro aspecto... afinal são só os religiosos, do tipo como freiras, monges que podem ser quietos ao viver mais para meditação etc? Percebem o preconceito?

Se o mundo fosse um lugar de perfeição e justiça e tudo isso graças aos não quietos, talvez eu pudesse desejar mudar, mas realmente não é o caso.

O mundo está uma bagunça! Não queria comentar, mas muitas das vezes quem causa transtorno são os... complete você a frase!

E agora ainda acha que sou eu que preciso mudar?
Pessoas quietas devem mudar? Por que a maioria fica tão incomodada com as pessoas assim?

4 comentários

  1. Talvez mudar o pensamento de que precisa mudar ? É que a opinião dos outros, de fato, nos influencia .e é preciso ter orgulho de ser como se é, especialmente se você é dedicada ao trabalho. Com o tempo sua competência será reconhecida, com certeza. Um abraço !

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  2. Perfeito! A participação social no trabalho como exigência para promover competência (desculpe a rima) também já me deixou de lado, pois não era da turma do chope, e questionava as condutas que considerava equivocadas.

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  3. "O trabalho era fácil e monótono, mas os empregados estavam sempre num constante estado de tensão. Estavam preocupados com seus empregos. Havia uma mistura de jovens e mulheres, e não parecia haver nenhum tipo de fiscal. Depois de várias horas, começou uma discussão entre duas das mulheres. Era algo sobre as revistas. Enquanto empacotávamos revistinhas, alguma coisa deu errado do outro lado da mesa. Com o progresso do bate-boca, as mulheres foram se tornando violentas.
    "- Olhem - eu disse -, essas revistas não valem a pena nem ser lidas, quanto mais que vocês briguem por elas.
    "- Tudo bem - disse uma das mulheres -, nós sabemos que você se acha bom demais para esse trabalho.
    "- Bom demais?
    "- Sim, essa sua atitude. Você acha que a gente não reparou?
    "Foi quando aprendi, pela primeira vez, que não bastava que você fizesse seu trabalho. Era preciso mostrar interesse, se possível até paixão por ele."
    Factótum, Charles Bukowski.

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  4. É um absurdo mesmo, hoje em dia só os extrovertidos tem o direito de ter um emprego. Eu já tenho 23 anos e nunca consegui um emprego porque sou Quieta, no único teste de emprego que consegui até hoje fui reprovada por ser Quieta.

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