Bullying e Preconceito II

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Bullying e Preconceito II
Continuação do texto sobre bulling e preconceito por Erik Nunes.

Todos sabemos que esta coluna visa justamente servir de incentivo para que todos possamos ser felizes com a nossa timidez. O mundo não é menos belo por sermos tímidos e/ou solitários. Entretanto, sofremos muito com o preconceito.
Nas palavras de Diego Neris, participante do grupo no Facebook, cada um de nós é visto como “problemático, estranho, monstro, frouxo, inferior, um nada, um merda”.
Mas... é isso mesmo que somos? Eu não sou. E acredito que tu também não o és.

Solidão e preconceito

Estar sozinho já é bullying por si só, convenhamos. E tanto preconceito quanto a solidão há pouco do que se falar. Mas o que se tem é muito profundo.

Quem de nós nunca ouviu um “tu é muito dependente”, “aprende a te amar primeiro” ou “primeiro seja feliz sozinho”? Isso é extremamente doloroso de se ouvir. Principalmente porque é mentira.

Ah, não é mentira? E alguém sabe responder como que a gente faz pra não depender de outra pessoa?

Não, né... *riso irônico* Porque não existe esta resposta. Porque isso é, digamos, impossível. Nós vivemos em sociedade, e essa é a prova de que somos todos dependentes uns dos outros.

Se tu já assististe O Náufrago, vai lembrar que ele vai perdendo a sanidade justamente por estar vivendo em solidão...
E como as outras pessoas conseguem não ser solitárias mesmo estando sozinhas? Bom, minha primeira crônica fala sobre isso... Mas não falei do bullying que isso provoca. E pior, do auto-bullying...

Nada mais triste que um solitário acreditar nessa falácia de “seja feliz sozinho”. Isso gera dentro de nós uma confusão profunda, nos levando à uma busca inalcançável de algo que sabemos inexistir, nos provocando uma dor tão profunda que parece nos rasgar por dentro.

Porém, nada é tão ruim que não possa piorar... A pessoa, mentindo pra si mesmo e sabendo bem disso, “vende-se ao inimigo”. Ou seja, começa a propagar esta ideia infundada e a desmerecer as pessoas que sofrem como ela.

Dizer-nos que somos fracos por nossa (suposta) carência, quando ela também se encaixaria nesse conceito (vazio de sentido).
#vemprarua
Antes de mais nada, o subtítulo aí é referência aos protestos do ano passado sim. Afinal “ser feliz com o que se tem” é a maior forma de protesto do mundo. Sério mesmo.

Impossível superar o preconceito de outra forma que não seja lutando contra. Mas somos uma minoria sem representatividade nenhuma.

Afinal, tímidos e solitários é um grupo “misto” demais, e cada indivíduo desses acaba entrando em uma ou outra causa de luta.

Movimentos negro, feminista ou gay, dentre outros. O que não é de todo ruim. Já foi vergonhoso ser mulher, negro e/ou homossexual no Brasil (de certa forma ainda o é...).

E esses grupos romperam a timidez, o silêncio, e tomaram a frente de suas vidas dizendo: “Sim, nós somos!”

O problema é que o tempo passou para mim. Eu cresci. E vieram as decepções amorosas. E a sensação de nunca achar alguém para mim. E tudo o mais. Foi quando começaram, também, o preconceito pela minha solidão.

E foi, depois de tanto chorar (de novo) por não ser aceito... Que eu me aceitei. Pronto. Passou. Claro, quisera eu que fosse tão simples quanto está escrito, mas, no fim, foi mais ou menos assim.

Li dicas do grande mestre do terror, o maravilindo do Stephen King. Lá ele diz que, para ser um grande escritor, é necessário se ter um bom casamento onde ambos se valorizam.

Me dei conta na hora de que o “Steve” tinha a Tabitha. Ao fim dos Beatles, Paul McCartney tinha a Linda, e John Lennon a Yoko.

Inclusive reza a lenda de que Einstein não era bom com matemática, e que sua esposa era quem fazia todos os cálculos para suas teorias.

Ou seja, aquele velho ditado de que “atrás de todo homem existe uma grande mulher” (sem machismo da minha parte, por favor).

Foi quando entendi que minha busca tinha sentido sim. De que ela não era em vão, vazia e infrutífera. Muito antes pelo contrário.

Ninguém é pleno sozinho. E saber que os outros estão errados em sua teoria de “não dependa de ninguém pra ser feliz”, e me dar conta de que eles são mais infelizes que eu, aliviou meu coração.

Não se engane!

Sobre as questões da solidão, apenas não se engane. Deixe que as pessoas falem.

Infelizes serão elas por acreditar em mentiras. Conforme tu fores exercitando conhecer-se, como disse na primeira parte desta coluna, vais conhecendo melhor teus gostos e tuas vontades.
Foque nisso, principalmente. No que tu sonhas para ti, no que queres para teu futuro.

Essa é a solução mais fácil para a solidão. Pode parecer estranho, mas não é tanto.

Ao dividir a coluna, e pensar na construção de um final exclusivo para esta parte, sofri uma nova decepção.

Acabamos aquilo que nem bem começou. E eu me senti um lixo mais lixoso da lixeira. Depois de longas horas jogado pelos cantos na frente deste computador, simplesmente abri para escrever, à contragosto, o final que eu havia pensado...

... e simplesmente a falta de vontade desapareceu. Tanto que estou fazendo mais um pequeno desabafo. Então, focando naquilo que queremos, é mais fácil de aceitar e entender a solidão.
Acredite, antes só do que ao lado de quem nos impede de sermos quem somos.

Fora que, quando sabemos o que queremos para o futuro, é mais fácil de escolher as pessoas ao nosso lado. E, sim, escolher é importante.

Quando nos jogamos ao colo do primeiro que nos der atenção, acabamos nos decepcionando. Mas, ao escolher bem e mostrando quem nós somos desde o começo, será mais difícil a decepção e de sermos condenados à solidão.

Um comentário